História de Vida - Parte III
Nina, uma grande amiga!
Nina foi uma menina que conheci na adolescência tinha aproximadamente 13 anos, ela jogava bem futebol, já tinha jogado em um time profissional, era bem mais velha e muito inteligente, era negra, magra e morava bem perto da minha casa. Rapidamente nos tornamos muito amigas, poderia dizer sem medo de errar a melhor amiga que já tive. Conversávamos muito. Ela costumava a dizer que eu era muito madura para minha idade e que me considerava inteligente, assustava-me com essas falas. Eram diferentes de tudo que eu tinha ouvido durante a minha vida, de tanto ela falar acabei acreditando e com isso, pouco a pouco fui recuperando minha alto estima.
Nina sempre costumava ouvir muito o que eu dizia e por muitas vezes contava para ela a minha história, os traumas e as marcas que estes acontecimentos deixaram em mim, diria que Nina era uma espécie de “Psicanalista casual” que Deus colocou em minha vida para me ajudar a curar as feridas. Enquanto falava, eu também ouvia, ia reconstruindo impressões e pouco a pouco me aceitando, amando-me e crescendo.
Hoje posso avaliar a importância dessa amizade em minha vida e gostaria de deixar aqui uma homenagem registrada, não somente a Nina, mas a todos que realmente investem em amizades e ajudam com este ato doador a formar pessoas melhores!
Porém, nossa amizade não era só de coisas serias, éramos adolescentes e brincávamos muito de: futebol, de fura pé, baleou, handebol (esporte que sou apaixonada e pratiquei durante 5 anos diariamente, chegando a jogar em dois times oficiais), íamos ao cinema, festas, e muitas outras coisas. Andávamos tanto juntas que por algumas vezes meus pais nos acusavam de homossexualismo.
Lembro-me dos meus quinze anos, sempre idealizei que essa data seria marcante para mim, e que seria comemorada com uma grande festa, mas, essa festa não aconteceu e fiquei triste por isso, Nina então disse vamos fazer algo para marcar esse dia para o resto de sua vida, que tal fugir de casa e fazer uma viagem? Achei a idéia interessante e começamos a planejar o que faríamos.
Naquele dia, saímos cedo de casa e falamos a meus pais que íamos a um chá de cozinha de uma amiga de Nina, mas fomos até o ferri-boat e fizemos a travessia Salvador- Itaparica , foi uma viagem marítima aventureira com o gosto de liberdade e desafios, chegando lá resolvemos pegar um transporte alternativo, ir para a ilha de Mar Grande, pois assim seria mais fácil voltar de lancha para Salvador. Passamos o dia rindo e conversando, em um momento vi um tio passando bem perto e tivemos que correr para nos esconder, para que ele não nos visse, foi mais uma tensão naquele dia marcado de aventuras. Quando resolvemos voltar para casa era final de tarde, a lancha era uma embarcação pequena que virava com o vai e vem das ondas do mar e às vezes entravam água com o balanço da embarcação. Chegamos em Salvador enjoadas e tontas, mas, felizes e realizadas, visto que tínhamos conseguido marcar aquele dia para o resto de nossas vidas.
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